É
indiscutível que Wes Anderson alcançou dimensão intangível dentro
de sua obsessão estética e nos presenteou novamente com um
belíssimo trabalho repleto de cores, truques de luz, enquadramentos
precisos e coreográficos, tal como a linguagem corporal de um elenco
de peso escolhido a dedo. Quem, em seus mais utópicos devaneios,
imaginaria contemplar F. Murray Abraham, Jude Law, Tilda Swinton,
Ralph Fiennes, Willem Dafoe, Edward Norton, Adrien Brody, Owen
Wilson, Jeff Goldblum, Bill Murray, Léa Seydoux e Tom Wilkinson
contracenando juntos? Anderson idealizou, platonizou e mais, tornou
real. Este é “The Grand Budapeste Hotel” (2014), senhoras e
senhores!
A
obra se revela como um quadro, uma pintura caricaturada assinada por
quem está ali para nos inserir numa misteriosa fábula sobre
assassinato, disputa por heranças, discursos sobre valor da amizade,
pureza do primeiro amor, além de citações poéticas aleatórias a
cargo do carismático concierge, Mr. Gustave (Ralph Fiennes).
E porque não somatizar isso à comédia? O bom humor está presente
em grande maioria dos takes, seja no embalo divertido da
trilha sonora ou em forma de diálogos extremamente bem escritos e
ensaiados para que tudo soe como uma grandiosa apresentação
teatral, onde o cômico se faz notar nos mínimos detalhes.
“The
Grand Budapest Hotel” é um filme sobre memórias póstumas, sobre
lembranças que permanecem intactas, fictícias ou não, mas que a
arte, neste caso um livro fez questão de eternizar. A partir daí
mergulhamos numa história de leveza e graciosidade sem igual,
recheada de camadas temporais e cronologia narrativa bastante coesa,
salvo a pequenos deslizes de continuidade, que entretanto tornam-se
insignificantes perante ao contexto lúdico e estética encantadora
do longa.
Engana-se,
porém, quem tende a pensar em “The Grand Budapest Hotel” como
mera sequência de projetos anteriores do diretor, como “Moonrise
Kingdom” (2012). Caminhando entre críticas de outros colegas, noto
um padrão de julgamento, onde o filme é caracterizado
como um notório espetáculo para impressionar impressionáveis.
Insinua-se timidamente, por outro lado, devidos reconhecimentos
ligados à direção de arte, “mais uma vez inspiradíssima”, e
só. Me resta a conclusão de que a universalidade simbólica, tão
primada pela obra, não os atingiu. O ser humano tende a rejeitar o
que não entende.
“The
Grand Budapest Hotel” está para Wes Anderson como “Hugo Cabret”
está para Martin Scorsese, e é nesse patamar que nos é oferecida
sua obra mais cinefílica. Na citação de Tom Wilkinson , que vive o
autor do livro no longa, já em idade avançada, encontramos a chave
para esse universo: “- Escritores não inventam, reproduzem tudo
que veem e escutam”. Existe muita nostalgia inserida na obra de
Anderson, mas é muito mais do que apenas o retrato de um
acontecimento, trilha sonora contemplativa e visual deslumbrante. É
na maneira que ele encontra de nos contar uma história que a mágica
acontece. Quase como num road movie, os personagens amadurecem
consideravelmente durante a trama, a medida que as dificuldades se
tornam frequentes. E como se isso não fosse o suficiente, atrelado a
performances mímicas que remetem a um cinema clássico, a cereja do
bolo surge ao fim para nosso deleite: o looping narrativo.
Temos um desfecho exatamente igual ao início do filme. As camadas
vão sendo desfeitas, os simbolismos escancarados, a estrutura linear
se mostra e só nos resta lamentar por ter sido tão rápido. “The
Grand Budapest Hotel” é um filme para se assistir incontáveis
vezes e jamais enjoar.
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